sábado, 24 de março de 2018

Povo brasileiro terá longa caminhada até a liberdade, pela democracia e justiça social


A natureza brilha com a
chuva outonal em Brasília.

Refeição Cultural

"Comecei a suspeitar de que tanto os protestos legais como os extraconstitucionais seriam impossíveis em breve. Na Índia, Gandhi havia lidado com um poder estrangeiro que em última instância era mais realista e previdente. Esse não era o caso com os africânderes na África do Sul. Resistência pacífica e não violenta é eficiente à medida que o seu oponente respeita as mesmas regras que você. Mas se um protesto pacífico é recebido com violência, sua eficácia chega ao fim. Para mim, a não violência não era um princípio moral, mas uma estratégia; não há bondade moral em se utilizar uma arma ineficiente. Mas meus pensamentos sobre este assunto ainda não haviam tomado forma, e eu havia falado cedo demais." (Nelson Mandela, sobre eventos de 1953)


Me peguei neste sábado pela manhã, 24 de março, olhando a chuva cair lá fora. Iria à padaria, mas desisti e fiquei em casa. A natureza em Brasília é exuberante nesta época do ano. Verde, verde.

Assim que a chuva passou, fiquei olhando uma revoada de andorinhas circulando pelo ar, os beija-flores nos flamboyants e patas de vaca e uma curicaca com seu longo bico fuçando na grama.

Retomei a leitura de Mandela. Sem pressa alguma. Reli os dois primeiros capítulos da parte I, Uma Infância no Interior, e depois fui dar sequência onde havia parado, lá na parte IV, A Luta é a Minha Vida. É inevitável não pensar no nosso querido país Brasil, sob novo golpe de Estado desde 2016.

Estou cansado para fazer postagens mais trabalhadas com citações e interpretações e opiniões, mas pensando a situação do país e do povo brasileiro, no meu ponto de vista haverá um recrudescimento da violência por parte daqueles que tomaram o poder, e o povo terá uma longa caminhada até a liberdade e a volta da democracia.

Desde as tais manifestações de junho de 2013, que incendiaram o país e passaram a ser manipuladas pelos donos do poder econômico, liderados pelos meios de comunicação golpistas (PIG), a repressão do Estado contra manifestações identificadas com a esquerda e os movimentos populares passou a ferir seriamente os participantes. 

O ódio foi incentivado pela mídia canalha, e percebe-se a tendência a se aceitar como "normais" milícias fascistas armadas financiadas pela direita (como nesta semana no RS, durante as caravanas do presidente Lula) para impor o terror ao povo, para acuá-lo e convencê-lo a não sair às ruas e manifestar mudanças e apoio político a líderes e causas populares.

SOLUÇÃO PACÍFICA DAS CONTROVÉRSIAS... Eu me formei politicamente no movimento sindical cutista, que me convenceu que as melhores saídas para mudar a condição de vida do povo trabalhador e mais humilde é organizá-lo para conquistar direitos nos locais de trabalho em negociações com patrões, e para disputar os processos democráticos nas estruturas do Estado burguês (com eleições para executivos e legislativos, e com muito poder concentrado no judiciário).

Me formei para acreditar em mudanças através do mundo sindical e partidário - dentro da lógica do one man, one vote -, como já pregava Mandela nos anos 50. (apesar da história da luta de classes demonstrar que a democracia só é aceita pela Casa-grande enquanto lhe é conveniente).


Na companhia de Nelson Mandela, já que
não vejo a família há semanas.

Aí veio o novo golpe em 2016 e colocou por terra todos os avanços sociais que vinham sendo conquistados pelo povo brasileiro através de processos democráticos de organização de massas, processos liderados pela CUT e demais centrais sindicais, pelo Partido dos Trabalhadores e demais partidos do campo da esquerda e popular e por movimentos progressistas em geral.

Neste momento, o brazil do golpe passa por um processo de retrocessos dos direitos do povo semelhante ao que viveu a África do Sul por décadas sob o regime nacionalista dos africânderes e o Apartheid. As injustiças do Estado (da casta que domina os poderes do Estado) já não são sequer disfarçadas. Impunidade aos amigos, a força repressora e injusta do Estado aos inimigos deles.

Sugiro a leitura deste livro autobiográfico de Nelson Mandela porque ele é inclusive muito bonito, ao conhecer a história dos povos sul-africanos.

Bom fim de semana aos amig@s,

William

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