sábado, 26 de abril de 2025

Livro: Papéis Avulsos (I) - Machado de Assis



Refeição Cultural 

"Este título de Papéis Avulsos parece negar ao livro uma certa unidade; faz crer que o autor coligiu vários escritos de ordem diversa para o fim de os não perder. A verdade é essa, sem ser bem essa. Avulsos são eles, mas não vieram para aqui como passageiros, que acertam de entrar na mesma hospedaria. São pessoas de uma mesma família, que a obrigação do pai fez sentar à mesma mesa." (Advertência, Machado de Assis, outubro de 1882)


1. O alienista

2. Teoria do medalhão 

3. A chinela turca

4. Na arca


Ao trabalhar na revisão e encadernação de minhas postagens nos blogs, fiquei satisfeito com a constatação de ter começado o Refeitório Cultural com Machado de Assis. 

Os textos do Bruxo do Cosme Velho são de domínio público e comecei o blog de cultura com o conto "O alienista", lá em 2007. Este clássico poderia ser lido de tempo em tempo ao longo da vida das leitoras e dos leitores. Já o li inúmeras vezes nas últimas duas décadas. Ele nos faz entender o Brasil e os seres humanos, por isso seu caráter universal. 

Os primeiros textos do blog têm relação com o mestre Machado de Assis. 

A minha edição de Papéis Avulsos está dividida em dois volumes. Já li todos os contos muitas vezes. 

Ao lermos a "Teoria do medalhão", percebe-se a universalidade da gente vulgar que ocupa as casas-grandes e a tal Faria Lima. Janjão recebe instruções de seu pai como essa gente do "agro pop" e seu universo sertanejo. Pai e filho são os caracteres da "Elite do atraso" descrita pelo sociólogo Jessé Souza. 

Da mesma forma, vemos a atualidade da crítica de Machado ao compor no conto "A arca" os novos capítulos introduzidos no Gênesis. Somos essa coisa humana descrita no conto através dos filhos de Noé, Sem e Jafé. Parece que a gente não tem jeito mesmo...

"O melhor drama está no espectador e não no palco"

A lição do conto "A chinela turca" está aí para qualquer um de nós avaliarmos...

Leiam Machado de Assis, leiam! 

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Post Scriptum:

O ALIENISTA

Ao ler o conto "Darandina", do livro Primeiras Estórias (1962), de João Guimarães Rosa, conheci mais um clássico brasileiro com a temática da reflexão sobre a razão e a "desrazão", sobre a loucura e as tentativas de se compreender ou até de se tratar as diversas formas de loucura, ou suposta loucura, haja vista que a questão é estudada há séculos pela sociedade humana e até hoje poderíamos questionar o que é sanidade e o que é loucura, ou o que seria considerado "normal" ao longo do tempo.

Rezar para pneu e colocar aparelhos celulares na cabeça pedindo intervenções de seres alienígenas é algo considerado normal ou loucura?

Percebem a atualidade do tema? Seres humanos habitantes de um país chamado Brasil, já avançado o século XXI, fizeram isso. É um caso documentado. Esses seres são seguidores de uma seita liderada por um clã de políticos com sobrenome "Bolsonaro".

Eu já li diversas vezes o clássico de Machado de Assis em diversas épocas diferentes da vida política do país e até em momentos pessoais nos quais questionava a mim mesmo sobre a normalidade ou anormalidade das coisas. Quantas vezes me peguei refletindo se eu estava ficando louco ou se o mundo ao meu redor estava louco... aí recorria ao dr. Simão Bacamarte...

Enfim, é isso! Sigamos lendo e refletindo e tentando compreender a vida e o mundo no qual existimos.

William 


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