sábado, 13 de julho de 2024

Diário e reflexões



Refeição Cultural

Osasco, 13 de julho de 2024. Sábado.


DE GAULLE - A FRANÇA NO MUNDO

Na sexta-feira não consegui ver um episódio da série "Grandes dias do século XX". Ao ver este sobre Charles De Gaulle e a história da França no século passado, eu fiquei pensando o quanto a gente não sabe nada de história. 

Essa nossa ignorância sobre a história do mundo facilita muito a vida da extrema-direita fascista, que atua para desinformar as pessoas e recontar a história com narrativas mentirosas e absurdas. No Brasil, somos todos em geral vítimas de sistemas de educação feitos para não educar as pessoas.

Ao me politizar e me tornar representante eleito da classe trabalhadora no início dos anos dois mil, fui percebendo que uma das minhas tarefas enquanto liderança de um segmento de pessoas era estudar muito sobre a história do Brasil e da classe trabalhadora, sobre quem nós éramos e atuar diariamente para dar noções sobre as coisas para os meus colegas de classe. Noções.

Vivemos num mundo de pessoas sem noções. Não é por maldade ou vontade delas. Ao se mudar a cultura estabelecendo um novo aculturamento sem referências, sem limites, numa total anomia na vida social, as pessoas passam a não ter noção de nada. Vivemos uma desordem social e mundial.

A realidade material e a vida cotidiana impõem às massas uma agenda de consumo de temas focados em prazeres físicos e psicológicos imediatos. Coisas para capturar os desejos das pessoas. No capitalismo isso se intensificou de forma extraordinária. 

Por isso a imprensa tradicional era chamada de 4º poder (talvez fosse o 1º) e por isso as empresas de plataformas digitais conhecidas como big techs são as donas dos desejos e das almas dos bilhões de humanos hoje.

A vida em sociedade é dominada por quem define a pauta e a agenda da comunidade. Já era assim localmente sem a tecnologia de comunicação global (internet), imaginem agora que plataformas como o Google, o Facebook ou o Instagram conseguem invisibilizar um tema importante para a classe trabalhadora e colocar na agenda uma nulidade qualquer que pautará o que todos vão se interessar por horas ou dias ininterruptamente... 

Com essa realidade atual, tenho a impressão que a história (como ciência) e a cultura estão num momento ruim da história humana. Com a pós-verdade, o que será verdade no presente e futuro?  

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Sinopse:

Depois de liderar a resistência francesa contra os invasores nazistas na Segunda Guerra Mundial, Charles De Gaulle desponta como líder do governo provisório com grande popularidade. Era o primeiro passo da trajetória política do homem que se tornaria um dos grandes estadistas do século XX. Com uma gestão forte, nacionalista e conservadora, ele reergueu a economia de seu país e restabeleceu o poder político da França na Europa. Seu legado permanece vivo e sua história se tornou patrimônio do pensamento político contemporâneo.

Este episódio está dividido nos seguintes capítulos: "A trajetória de Charles de Gaulle", "A tragédia argelina", "Europa" e "O direito dos povos".

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SERÁ QUE A FRANÇA DE DE GAULLE NÃO TERIA VERGONHA DA FRANÇA DE MACRON

O episódio sobre a França e De Gaulle foi de descobertas e curiosidades, foi de preencher lacunas culturais, um verdadeiro momento de "refeição cultural" como se pretende o blog.

Apesar de ter noções de história geral, do Brasil, e da classe trabalhadora brasileira, o episódio foi de muitas informações novas.

Conferência de Yalta (Crimeia)

Muito interessante: o episódio começa com cenas da Conferência de Yalta com Churchill, Roosevelt e Stálin, representantes do Reino Unido, Estados Unidos e União Soviética, respectivamente. 

O narrador diz que o insulto jamais será esquecido. De Gaulle (França) não foi convidado para a conferência que poria fim à 2ª Guerra Mundial.

Fatos históricos importantes são citados no episódio: criação da OTAN; Pacto de Varsóvia; a data de referência do documentário é 1° de junho de 1958, De Gaulle volta ao cenário político da França após anos de retiro e silêncio; De Gaulle vira o 1° presidente da Quinta República. 

Descolonização 

Após os conflitos na Argélia, De Gaulle teve de lidar com as lutas de emancipação das colônias francesas. Político experiente, a solução menos sangrenta foi realizar disputas ideológicas através de referendos. 

Enfim, muito conhecimento novo. O documentário serviu para me lembrar da questão das noções. Percebi que não sei quase nada. Só um estudo dedicado me faria conhecer melhor a história da França. 

Hoje, aos 55 anos de idade, tenho algumas noções sobre a França e os franceses. Tenho algumas noções de história e geografia. Noções. 

Fico pensando se os franceses da geração de De Gaulle não teriam vergonha desse golpe mequetrefe que Macron aplicou no povo francês nesta semana que passou, ao não reconhecer sua derrota e de seu partido Juntos nas eleições legislativas nas quais as forças reunidas na agremiação de forças progressistas Nova Frente Popular fizeram a maioria de 182 cadeiras no parlamento, vencendo a extrema-direita de Marine Le Pen. Macron foi um cara de pau ao não reconhecer a derrota e acatar o voto popular.

Sigamos tentando aprender algo novo todos os dias. 

William 


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